A INÚTIL HERANÇA QUE VAMOS RECEBER DA COPA

Foto: Divulgação/FIFA

 Gérson Siqueira

Estimativas feitas pelos governos de 12 cidades que vão sediar a Copa do Mundo de 2014, dão conta de que deverão ser gastos de 60 a R$ 110 bilhões em projetos de infraestrutura, valor que poderia servir melhor ao país se fosse aplicado em obras de alcance social. Só a reforma dos estádios vai consumir perto de R$ 5 bilhões, dinheiro que mais uma vez vai ser surrupiado do nosso bolso através de pesados impostos.

O Brasil se modernizará no turismo, na urbanização, na infraestrutura viária, mas voltará a ser um caos por causa dos cofres vazios e da falta de investimentos em segmentos prioritários  como saúde e educação, considerados sempre como despesas nas planilhas do governo federal. A geração de empregos tem sido positiva, mas os salários oferecidos estão abaixo da média do mercado, provocando protestos como o feito recentemente pelos trabalhadores que executam reformas no Maracanã (foto).

É por isso, que, muito à vontade, eu afirmo: o Brasil não ganha nada com a vinda da Copa do Mundo de 2014. Na marca do pênalti, quem vai mesmo comemorar o gol serão os políticos, os empresários com negócios ligados ao turismo e futebol e os jogadores, que serão pagos a peso de ouro para defenderem a até agora fraquinha seleção de Mano Meneses.

Além da possibilidade de um vexame- a nossa seleção não é mais a melhor do mundo – corremos o risco de receber, finalmente, a inoportuna visita dos velhos fantasmas, que todo ano nos assustam promovendo farras com o dinheiro público. Vamos herdar grandes edíficios de concreto, imponentes elefantes brancos. A inutilidade da herança que vamos receber em agosto de 2014 pode ser resumida no brilhante verso do poeta Paulo Eiró:  ” O homem sonha monumentos, mas só semeia ruínas para a pousada dos ventos. “

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